Autor – Valdir
José Nogueira de Moura
Gonzaga nem
era Pereira, nem era Carvalho e na cidade onde a política era polarizada entre
as duas tradicionais e rivais famílias do Pajeú, isto significava ser
forasteiro. As principais lideranças locais não viam com bons olhos a sua
rápida ascensão política, social e econômica que, até certo ponto,
deixava-as em escanteio.
Com sua rápida ascensão política e social, prestigiado pela família Pessoa de Queiroz, que era sua amiga e deseja fazê-lo prefeito de Belmonte, vaidoso que era Gonzaga queria a todo custo arranjar mais proteção ainda e, comprometido com o governo, começou a ajudar a polícia na perseguição a Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) e Luiz Padre.
Com sua rápida ascensão política e social, prestigiado pela família Pessoa de Queiroz, que era sua amiga e deseja fazê-lo prefeito de Belmonte, vaidoso que era Gonzaga queria a todo custo arranjar mais proteção ainda e, comprometido com o governo, começou a ajudar a polícia na perseguição a Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) e Luiz Padre.
Sinhô Pereira sentado e Luiz Padre em pé
Sabendo disto, Sinhô Pereira não gostou e mandou dizer-lhe que podia até
aceitar perseguição da polícia, pois este era o seu papel, mas de particular
não aceitaria perseguição sob nenhuma hipótese e o deixasse viver em paz,
se quisesse viver. Foi um ultimato enérgico, todavia Gonzaga, cioso de seu
poderio emergente, não se intimidou com as ameaças de Sinhô Pereira, e
sempre que podia, dava ajuda financeira às volantes policiais que perseguiam os
cangaceiros. Por isto, Belmonte passou a ser visitada por volantes
policiais até de outros Estados.
Estava Gonzaga
um dia ausente de casa quando chegou um mensageiro, vinha da parte de um grupo
de cangaceiros e trazia uma relação de pedidos a serem atendidos; sua
esposa indignada negou-se a atender as exageradas solicitações, com um
comentário final que o irritou: “Que fossem trabalhar como seu marido sempre o fizera”.
Em maio de
1922, Sinhô Pereira e seu grupo, nas suas correrias e incursões, interceptou um
comboio do coronel Gonzaga nas cercanias de Rio Branco (atual Arcoverde),
sendo uma grande parte da mercador ia arrebatada e fartamente distribuída entre
os componentes do bando, e a outra parte queimada.
Crispim Pereira de Araújo
Essa atitude de
Sebastião Pereira teve de ser alterada com a intervenção de Crispim Pereira de
Araújo, mais conhecido como Iôiô Maroto, primo de Sinhô Pereira, e duplamente
compadre de Gonzaga, que foi requerido para isto pelos parentes e amigos, e o
conseguiu mediante a promessa de alguns contos de réis.
Luiz Gonzaga
Sebastião Pereira
cumpriu o seu trato e exigiu mais tarde a contraprestação de
outros. Ioiô Maroto foi obrigado a procurar pelo recebimento da
quantia, mas encontrou Gonzaga pouco disposto a satisfazê-lo. Era que Gonzaga
estipendiária agora gente armada. A situação se apresentava mais em
condições de garantia.
Algum tempo
depois, dava-se pelo município de Belmonte a passagem de um tenente da Polícia
do Ceará, de nome Peregrino Montenegro, conhecido por sua violência e pela
indisciplina de seus comandados. Essa força volante, encarregada de perseguir o
banditismo, visitou, no dia seguinte a sua passagem e estada e estada na
cidade, a propriedade Cristóvão, pertencente a Ioiô Maroto, e ali
cometeu toda sorte de abusos, arbitrariedades e desmandos, surrando moradores, ameaçando de morte o
próprio Ioiô Maroto, a quem injuriaram e sujeitaram a
humilhações, desrespeitando a família deste. Basta dizer que toda sorte de
ultrajes e maus tratos foram realizados pela soldadesca.
Ao se retirar
daquela fazenda, o tenente Montenegro mostrou uma carta
a Ioiô Maroto, dizendo que agradecesse o que sofrera ao seu amigo e
compadre Luiz Gonzaga, que fora quem lhe incumbira daquele serviço. Neste ato
insensato de Peregrino Montenegro, estava o estopim da terrível chacina futura
que tanto abalou Belmonte.
Convencido,
assim, Ioiô Maroto da responsabilidade do seu grande amigo e compadre
Gonzaga nos ultrajes que sofrera, resolveu vingar-se. Ninguém podia mais
dissuadi-lo dessas idéias e ele começou abertamente a declarar os seus
propósitos de desagravo, que chegaram diretos a Gonzaga, com recados
intimativos de que não moraria mais no Município de Belmonte. Que um dos dois
havia de mudar-se.
Ciente da
atitude de Ioiô Maroto, apesar de todas as suas afirmativas públicas
e particulares de não ter tido a menor interferência nos atos de vandalismo
praticados pela força do tenente Montenegro, o coronel Gonzaga, temendo a
realização das ameaças e vinditas de Ioiô Maroto, procurou acabar com
seus grandes negócios em Belmonte. Tendo se retirado para a Bahia e Sergipe,
buscava escolher local para se estabelecer, mas avisado pelas garantias do
Governo de Pernambuco e aconselhado pelos amigos da Capital, também
ligados ao governo estadual, voltou ao município de Belmonte, e continuou a
frente dos seus negócios que o retinham sempre, tendo agora além da força
pública, um pessoal em armas.
A volta do
coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz para o município de Belmonte, cercado de
todas essas garantias, enraiveceu ainda mais Ioiô Maroto, que
publicamente declarava mais uma vez que os dois não poderiam viver no
Município, diante da afronta que ele, Maroto, sofrera e que sua vingança estava
sendo preparada.
Ora, certo dia
Gonzaga é procurado por um irmão do próprio Ioiô, conhecido como Antônio
Maroto, com quem entrou em negócios de algodão. Diante disto, o coronel Gonzaga
se convenceu de que tudo estava terminado, dispensando o seu pessoal e
recolhendo na sua casa as armas e as munições que estavam em poder do
mesmo pessoal.
Na foto vemos
de pé, na extrema esquerda da foto, José Alencar de Carvalho Pires e sua tropa
de policiais Fonte – Valdir José Nogueira de Moura
A visita de
Antônio Maroto à casa de Gonzaga indignou os habitantes das cidades, que
achavam que o mesmo não deveria dar crédito nenhum de confiança ao pessoal
de Ioiô Maroto. Preocupado também com este fato, José Alencar de Carvalho
Pires (Sinhozinho Alencar), na época 2º sargento comandante do destacamento de
Belmonte, casado com uma sobrinha de Gonzaga, pediu que o mesmo não se
confiasse e que retornasse o seu pessoal em armas para garanti-lo. Era sabido
por todos que a fazenda Cristóvão regurgitava de cangaceiros e
que Ioiô havia declarado abertamente:
“Se eu morrer sem desforra,
minha alma voltará a Belmonte para fazer o que eu não fiz”.
Respondeu Gonzaga a
Sinhozinho:
“Vá cuidar de sua saúde e não tenha receio dos cangaceiros que
estão em casa do compadre Ioiô, que eles não virão a Belmonte”.
Retrucou
então o sargento:
“Não há tempo, Coronel, para poder confiar-me em cangaceiros.
Enquanto o senhor desarma seus homens eu armo os meus soldados até os dentes.”
É de imaginar
a boataria que tomou conta de Belmonte na época. Ioiô Maroto, na
sombra, começou a por em prática o seu plano de vingança. Em suas maquinações e
idéias sinistras, começou a aliciar parentes e moradores seus, cangaceiros,
formando um numeroso bando capitaneado por ele próprio, a gente de Tiburtino
Inácio, bem conhecido também nos fastos do banditismo e a malta do célebre
bandoleiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e resolveu atacar Belmonte e
assassinar o seu compadre Luiz Gonzaga.
Bando de Lampião
Familiarizado
por longos anos de convivência com os mais terríveis bandoleiros de então,
primo e amigo do célebre cangaceiro Sinhô Pereira, que assentava principalmente
seus arraiais no Município de Belmonte, Ioiô Maroto reuniu com
facilidade a gente necessária e preparou com uma tática seguríssima o fato
criminoso que levou a efeito.
Ele sabia dos
fracos recursos do destacamento de polícia comandado pelo sargento Alencar.
Oito ou nove praças tão somente. Quase todas as testemunhas ouvidas durante o
inquérito procedido pela justiça, falam que logo tomaram conhecimento do
inesperado ataque do grupo de Ioiô Maroto, os soldados entraram em
ação. Sabia que o coronel Gonzaga dispensara ultimamente alguns defensores que
trazia em armas para sua guarda; sabia assim que em casa daquele só se
encontrava este, sua mulher e filhos menores.
Assim
concebido e resolvido o seu plano de vingança, que se aproveitava da realização
do casamento de um filho do fazendeiro Franco Lopes de Carvalho, de nome
Jacinto Gomes de Carvalho com Gertrudes Maria de Carvalho (filha do coronel
Moraes), que na manhã de 20 de outubro de 1922 deveria ter lugar na fazenda
Santa Cruz, distante da cidade umas duas léguas, e que para este casamento
haviam sido convidadas as pessoas gradas da cidade, entre as quais o sargento
Alencar de Carvalho, que ao mesmo casamento deveria comparecer, ficando assim o
destacamento sem o seu chefe e comandante.
A festa de
outubro, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, e realizada anualmente na cidade
de Belmonte, era das mais concorridas. Como ordenava a tradição, as
comemorações se iniciavam com a tradicional alvorada, os sinos repicavam, fogos
explodiam no ar, banda de música e pífanos alegravam as ruas… Aquela animada
noite de 19 de outubro de 1922 teve como patrono o coronel Luiz Gonzaga Gomes
Ferraz. Este senhor ao deixar a Matriz de São José juntamente com o padre José
Kherlle, seguiu para a Casa Paroquial. Lá o reverendo então o interpelou sobre
a sua situação com Ioiô Maroto.
Padre José Kherlle
Respondeu o
mesmo que a malquerença entre ambos havia terminado, pois um irmão
de Ioiô entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a
quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviço de Maroto, e que
também havia dispensado o seu pessoal que, por prevenção, trazia armado.
Recusando,
então, o convite do padre para pernoitar na Casa Paroquial em virtude da chuva,
às onze horas o coronel Gonzaga deixava aquela casa e retornava ao seu lar. Lá
chegando, deu de cara com o seu vaqueiro Manoel Pilé, que espantado relatou que
ficara sabendo que Ioiô Maroto estava juntando um considerável número
de gente em armas na sua fazenda Cristóvão. Não dando crédito às desconfianças
de seu vaqueiro, Gonzaga tranquilizou-o dizendo que não havia mais questão
entre ele e seu compadre Ioiô.
O certo é que
pelas nove horas dessa mesma noite, Ioiô Maroto havia saído de sua fazenda
com os seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número
superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde
realizaria a empreitada na forma pretendida.
De 4 para 5
horas da madrugada, do dia 20 de outubro de 1922, a cidade de Belmonte era
despertada ao ruído de tiros que se disparavam de mais de um ponto da rua e das
suas imediações. O tiroteio ia crescendo de intensidade e duração, dando a
entender, dentro em pouco, tratar-se não de bombas que vinham sendo frequentes,
por motivos dos festejos religiosos do Coração de Jesus, mas de detonações de
armas de fogo num verdadeiro assalto.
Naqueles
tempos de cangaceirismo, em que ninguém tinha a propriedade e a vida seguras,
as povoações, as cidades, não se eximiam desses terrores e era um ataque em
regra que se fazia a Belmonte.
Numeroso grupo
invadira por um dos lados, o do norte, o quadro da cidade e
sustentava dali nutrido fogo, dominando inteiramente à frente da casa do coronel Gonzaga. Uma parte desse grupo, 12 ou 15 homens, atacava, por sua vez,
pelos fundos a casa do referido negociante. Para penetrar na dita casa, dois
bandidos, Varêda e José Dedé – este conhecido por Baliza – escalaram o muro e,
uma vez dentro, sustentaram fogo para que o restante dos atacantes arrombasse o
portão de entrada para o quintal da residência do dito coronel. Nesse ínterim,
João Gomes, parente e vizinho de Gonzaga, ouvindo o barulho que fazia os
assaltantes junto ao referido portão, saiu para o quintal, que era comum às
duas casas dele e Gonzaga, e conseguiu ainda dar uns tiros, indo se refugiar depois
em sua casa, pois nesse momento, ultrapassando todos os obstáculos, o grupo
particularmente incumbido de dar a morte ao infeliz negociante,
penetrava em sua residência, colhendo-o então inerme e indefeso.
Senhores da
casa, cujas portas abriam a machadadas, foi esta invadida, e o coronel Gonzaga,
desorientado, correu para se refugiar no sótão. Todavia, uma tábua do assoalho
cedeu e ele caiu na sala de visitas, quebrando os dois braços. Porém, fugindo
da fúria de seus perseguidores, tentou galgar uma janela de um quarto junto a
sala de visitas, dá para o oitão da casa, mas é abatido sobre o peitoril, sendo
varado pelas balas assassinas.
A casa, o
quintal, tudo estava ocupado e os bandidos fizeram mão baixa no que puderam
levar, quebrando, arrebentando móveis, baús, na embriagues do saque e da
pilhagem.
A família de
Gonzaga, sua mulher e filhos, assim como o jovem José Demétrio, que na época,
era encarregado da estação telegráfica de Belmonte e também noivo de Bida,
filha de Gonzaga, nada sofreram fisicamente. Um dos bandidos, o de nome
Cajueiro, recebeu de seu chefe, Ioiô Maroto, a incumbência de
poupá-los, e assim foram segregados num quarto que dá para a sala de jantar.
Ante o
tiroteio realizado pelo grupo chefiado por Ioiô Maroto, o
sargento Alencar, que não fora ao casamento do filho do fazendeiro Franco Lopes
de Carvalho, na Santa Cruz, reagiu, com o seu destacamento e alguns paisanos,
contra os atacantes.
Desde as 4
horas da manhã daquele dia, o mesmo acordara alarmado por forte tiroteio.
Pernoitara em casa de João Lopes, seu sogro, pois ali se encontrava doente uma
filha. Levantou-se aos primeiros tiros e seguiu para a sua casa, situada na
mesma rua. Ali chegando, armou-se. Abrindo o depósito de munição, verificou que
existiam cerca de 4.000 mil balas, e carregando o seu fuzil correu a cidade.
Observou que toda a Rua do Açougue estava tomada pelos cangaceiros, e das casas
do velho Quintino Guimarães e seu genro, Pedro Vítor, especialmente do Açougue,
partia forte fuzilaria. Deitando-se, então, atrás de uma antiga cajazeira que
havia no meio da rua que, por sinal, servia de casa-de-feira, detonou cerca de
50 tiros, visando especialmente às casas de Quintino Guimarães e Pedro Vítor.
Todavia, não chegando, portanto, nenhum soldado para auxiliá-lo, o destemido
Sinhozinho Alencar foi procurá-los no quartel e em suas próprias residências,
somente encontrando dois, Severino Eleutério da Silva e José Francisco da
Silva. Com essas praças resistiu até às 5 horas e meia, quando se apresentaram
mais três soldados: Manoel Rodrigues de Carvalho, José Antônio de Oliveira e
Luiz Mariano da Cruz; o primeiro, do destacamento local, e os dois últimos, do
de Vila Bela, os quais haviam chegado no dia anterior com licença daquele
destacamento. Às 6 horas apareceu o soldado José Miguel dos Anjos. Contando, no
entanto seis praças, o imbatível comandante fez a seguinte distribuição: Luiz
Mariano da Cruz, na esquina da casa de Neco Medeiros; José Miguel dos Anjos, em
casa de seu sogro, João Lopes Gomes Ferraz, e os demais lutando com ele, ora no
meio da rua, ora entrincheirados em sua casa ou no portão do muro da mesma,
fazendo cessar forte fuzilaria que partia do cemitério, onde se entrincheirara
grande número de bandidos.
Às 8 da manhã,
mais ou menos, o sargento Alencar, temendo o fracasso por falta de munição,
pois dos quatro cunhetes existentes, apenas um restava, e os soldados Severino
Eleutério e José Francisco da Silva estavam já com armas curtas, pois seus
fuzis haviam deflagrado pela culatra, consequência da intensidade do fogo,
retirou-se então com os soldados José Antonio de Oliveira e Manoel Rodrigues de
Carvalho. O dito sargento deixou os demais resistindo, e com dois companheiros
assaltou o cemitério, pondo em debandada o grupo que ali estacionara. depois,
pela retaguarda, atacou o Açougue Público e suas adjacências, causando
verdadeiro pânico no meio dos bandidos que julgaram estar sendo atacados por
grande número de soldados, e colocou em fuga os bandidos a quem seguira em
perseguição até um quilômetro fora da cidade. Ao retornar pelo beco do Açougue,
gritou ao coronel Gonzaga que estava tudo salvo, pois que os bandidos haviam
fugido. Porém, nesse momento, para surpresa sua, ouviu de Quintino Guimarães
que, nessa ocasião, apareceu à porta de sua residência, as seguintes palavras:
“Gonzaga está morto desde muito cedo, os cangaceiros entraram em sua casa antes
de haver tiros; os primeiros foram dados nele”. Angustiado com tal notícia,
Sinhozinho Alencar entrou sozinho na casa do coronel Gonzaga, encontrando-o
morto, banhado em sangue, em um quarto próximo à sala de visitas, e a sua
família presa em outro quarto.
Da reação
oposta pela polícia, ajudada por alguns civis, tiveram os atacantes alguns
mortos. Foi essa reação que, certamente, conseguiu impedir que as consequências
do assalto se estendessem para o estabelecimento comercial de Gonzaga, a Rosa
do Monte, que ficava no mesmo correr de sua residência, porém com certa
distância, pois havia de permeio outros prédios. A não ser pela frente e por
uma porta do único oitão que deitava para um beco, o estabelecimento comercial
se acabava, por sua vez, no campo de mira de alguns defensores do coronel
Gonzaga, como o civil Manoel Gomes de Sá Ferraz, junto aos seus filhos João e
Antônio, que devotados a ele, atiravam em posição fronteira.
Soldado Heleno
Tavares de Freitas – Fonte – Valdir José Nogueira de Moura
Além do
coronel Gonzaga, cujo assassínio era o fito principal do ataque, a ação dos
criminosos vitimou ainda o soldado Heleno Tavares de Freitas, que caiu em poder
dos bandidos quando acudia o chamado para a defesa; o velho Joaquim Gomes de
Lira; e João Gomes de Sá, que foi saqueado, roubado e ferido. Da parte dos
atacantes, morreram o famoso Baliza e Antonio da Cachoeira (este, após o
tiroteio, faleceu de parada cardíaca), e entre os inúmeros feridos estavam Zé
Bizarria, Cícero Costa e o próprio Ioiô Maroto, que ficara
aquartelado na casa do velho Quintino Guimarães.
Entre as jóias
roubadas durante o saque, estava um anel de brilhante pertencente e usado pelo
coronel Luiz Gonzaga, que dizem ter sido visto depois em um dos dedos do
bandoleiro Lampião. Daí aquela famosa quadra de larga divulgação no sertão:
“A aliança de
Gonzaga
Custou um conto de réis
Custou um conto de réis
Lampião botou
no dedo
Sem custar nenhum derréis.”
Sem custar nenhum derréis.”
Família do coronel
Luiz Gonzaga Gomes Ferraz , morto por Lampião em 1922 – Fonte – Valdir José
Nogueira de Moura
Em 1928, foi
aberto inquérito para apurar os acontecimentos que tiveram lugar em 20 de
outubro de 1922, no Município de Belmonte. Em 7 de outubro de 1929 era
publicada no Diário Oficial do Estado de Pernambuco a sentença de
pronúncia proferida nos autos do Processo criminal daquele trágico
acontecimento que resultou entre outros, na morte do coronel Luiz Gonzaga Gomes
Ferraz, diante da denúncia do Promotor Público de Olinda, em comissão no
Município de Belmonte: Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto), Virgulino
Ferreira da Silva (Lampião), José Terto (Cajueiro), Antonio Cornélio, José
Bizarria, José Teotôneo da Silva (José Preto), João Porfírio, Feliciano de Barros,
Antônio Padre(irmão de Luiz Padre), Pedro José Clemente(Pedro Caboclo),
Francisco José (Varêda), Tiburtino Inácio (filho do Major José Inácio do
Barro-CE), Antônio Moxotó, José Dedé (Baliza). Meia Noite, José Ovídio,
Papagaio, José de Tal (Caneco), Miguel Cosmo, Raimundo Soares do “Barro”,
Antonio Ferreira da Silva, Livino Ferreira da Silva, José de Tal (Caboré),
Cícero Costa, Terto Barbosa, José Benedito, Manoel Barbosa, Olímpio
Benedito (Olimpio Severino Rodrigues do Nascimento), Francisco Barbosa, Dé
Araújo, José Flor (Manjarra), Antonio Caboclo (Pente Fino), Laurindo Soares
(Fiapo), Manoel Benedito, Antonio pereira da Silva (Tonho da Cachoeira), João
Cesário (Coqueiro), Sebastião de Tal (Sebasto), Manoel Saturnino, Beija Flor,
Pilão, Lino José da Rocha. Quanto aos outros indivíduos que tomaram parte
do ataque, ignora-se ao certo o nome ou sinais característicos de cada um.
Carta da viúva
do coronel Gonzaga, contando sua dor e as ocorrências que envolveram seu finado
esposa e publicada no jornal recifense A Provincia, de 1 março de 1923, pag.2 –
Fonte – Coleção Rostand Medeiros
https://tokdehistoria.com.br/2017/02/16/alguns-aspectos-do-tragico-fim-do-coronel-gonzaga-e-a-hecatombe-de-outubro-de-1922-em-belmonte-pernambuco/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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