Por José Mendes Pereira
Antonio Rosa ou Antonio do Gelo -http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br/…/o-cangac…
Não encontrei informação se foram
os pais ou não que deixaram ou abandonaram o garoto Antonio Rosa Ventura na
casa de José Ferreira da Silva, que era pai de Virgolino Ferreira da Silva o
sanguinário e perverso Lampião. Colhi apenas que fora deixado por retirantes
que vinham do Estado de Alagoas, que com fé, procuravam receber a bênção do
Padre Cícero Romão Batista, lá em Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, talvez
na esperança de uma vida melhor.
Podemos imaginar algumas
hipóteses do menino Antonio Rosa ter ficado com a família Ferreira.
Mas
lembrando ao leitor que estas hipóteses fazem parte do meu pensamento, e não
estão registradas em nada que escreveram sobre o cangaceiro Antonio Rosa na
literatura lampiônica.
Primeira hipótese: Possivelmente
não aguentou a caminhada, mesmo que tenha sido montado em animais, não estava
com condições de seguir viagem;
Segunda hipótese: Talvez não
estava se sentindo bem e foi obrigado a não seguir viagem com os seus pais ou
com pessoas que naquele dia eram responsáveis por ele;
Terceira hipótese: Devido o tempo
que tenha permanecido na casa dos Ferreiras talvez tenha brincado com algumas
crianças, e ali, pediu aos seus encarregados para ficar com a família de José
Ferreira da Siva.
O menino cresceu no meio daquela
família como se o seu sangue fosse dela, e após o conflito dos Ferreiras com Zé
Saturnino e os Nogueiras o Antonio Rosa Ventura decidiu tomar as mesmas dores
juntando-se a Virgolino Ferreira, Livino Ferreira e Antonio Ferreira. E com o
passar dos tempos, posteriormente, ele assumiu por completo a bandidagem
acompanhando os três irmãos no cangaço.
No início do ano de 1924 Antonio
Rosa Ventura entrou no povoado de “São João do Barro Vermelho”, e através de
conversa com um cidadão que tinha como nome "Constantino", este que
era dono de uma bela arma, que para sua infelicidade, o Antonio Rosa Ventura
desejou possuí-la. Mas o Constantino não tinha interesse de desfazer daquela
arma, e mais tarde, com interesse de ficar com ela, Antonio Rosa assassinou o
Constantino. Ciente da morte que fizera Antonio Rosa deu no pé em busca de
abrigo no Estado da Paraíba, e lá, novamente como antes, juntou-se aos irmãos
Livino Ferreira e Lampião.
O certo é que, corria um boato em boca miúda que a população de “São João do
Barro Vermelho” bem armada, aguardava um dia o rei do cangaço entrar na
localidade em visitas a amigos do vilarejo, inclusive sua comadre dona
Especiosa, seria atacado pelos parentes do morto. Mas o rei Lampião que sabia
muito bem conquistar amigos, tomou logo conhecimento, que a família do
Constantino estava querendo se vingar de Antonio Rosa Ventura, pela morte do
seu parente.
Dona Especiosa - http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br/…/o-cangac…
Mas como em todo lugar sempre tem
gente que está ali para cochichar o que ouve, uma pessoa chamada de “Afonso
Gomes”, procurou um primo de Lampião, na “Vila de São Francisco, o Basto Paulo
Barbosa, e os dois rumaram ao sertão paraibano, para se encontrarem com o rei
Lampião, e lá, ouviram dele o seguinte:
- Que negócio é esse? Vocês estão
se armando para me matar e vem aqui onde estou?
O Afonso Gomes retrucou,
dizendo-lhe:
- Quem está se armando é a
família de “Constantino” para matar Antonio Rosa Ventura, em vingança pela sua
morte.
Lampião é o primeiro da esquerda. Livino é o que está atrás de Lampião;
Ao ouvir o diálogo, Livino Ferreira da Silva que estava em companhia de Lampião
afastou-se um pouco dali, e conversou com os dois, isto é, com Afonso Gomes e o
Basto Paulo Barbosa, tendo dito o seguinte:
- Diga a família do finado que
por dez mil réis nunca mais Antonio Rosa Ventura bota os pés por lá.
Dias depois, o grupo de
cangaceiro chegou ao Estado de Pernambuco, e vai direto para a região da “Serra
Vermelha”, na fazenda “Situação”, que pertencia a um senhor de nome Francisco
Baião.
À noite vinha chegando, e o
cangaceiro Antonio Rosa Ventura foi em busca de um lugar para se deitar. E ali
mesmo, na varanda da casa, levou o punho da rede para colocar no armador.
Livino Ferreira da Silva e um dos cabras chamado Enéas, por uma janela que dava
acesso à varanda da casa, apertaram os gatilhos das suas armas, banhando de
munições as costas do velho parceiro e irmão de criação dos Ferreiras, porque
fora criado pelos pais de Lampião. Antonio Rosa Ventura caiu sobre o chão sem
soltar um só gemido.
No dia seguinte, pela manhã, o
valente cangaceiro Antonio Rosa Ventura foi sepultado pela vizinhança, a umas
vinte braças de distância da casa em que morrera.
Antonio Rosa Ventura morreu no
dia 08 de julho de 1924.
Fonte de pesquisa:
"Lampião, nem herói nem bandido - a história ", pgs 72/74, do
pesquisador Anildomá Willians de Sousa.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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