Por Geraldo Maia do Nascimento
Em 1884 a
cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, era tida como um Empório Comercial.
Vários investidores estrangeiros tinham aqui se estabelecidos com casas
importadoras e exportadoras, o que teria contribuído para o seu crescimento
comercial.
Esse foi o motivo que levou o cearense Miguel, um jovem de 26 anos a
deixar sua terra e procurar no Estado vizinho um “meio de vida”. Vindo para
Mossoró conseguiu emprego de auxiliar de balcão na grande firma comercial Souza
Nogueira. Era criterioso nos seus afazeres, disposto para o trabalho e com
grande tino comercial. Conseguiu, com isso, não só a confiança do dono da
empresa, como também a mão de sua filha. E assim foi que em pouco tempo passou
de simples caixeiro de balcão a genro do patrão. Em uma das viagens de Souza
Nogueira a Recife/PE, por volta de 1894, o genro Miguel acompanhou-o. Foi aí
que conheceu o grande homem da indústria e do comércio da região: Delmiro
Gouveia, o homem da Fábrica de Pedra à margem do São Francisco. Delmiro Gouveia
mantinha relações com Souza Nogueira. Mas ao conhecer Miguel Faustino,
vislumbrou no mesmo as qualidades que necessitava para um novo aliado. E o
convite veio de chofre: “-Menino, queres trabalhar para mim? Comprarás peles,
couros, outros artigos, se preciso. Mas quem trabalha para mim, se honesto e
ativo, acabará bem, ao contrário o diabo o levará”. Miguel estremeceu. Delmiro
Gouveia era um homem muito poderoso. Dava medo tratar com ele. Mas acertou o
negócio e passou a trabalhar para Delmiro com inteligência, fé e retidão. Com a
parceria, bom tino comercial e retidão, o jovem Miguel terminou como um dos
homens mais ricos de Mossoró, se não o mais rico de todos. Sal, algodão, cera
de carnaúba, fibras e borrachas. Esses produtos levaram o sobralense criativo
às Exposições Nacionais de 1908 e de 1922, à Internacional de Bruxelas de 1910
e a de Turim em 1911. Ganhou medalhas de ouro e diplomas de honra. Em não sendo
mossoroense de fato, tornou-se de direito. Participou ativamente da campanha de
1883 pela libertação dos escravos de Mossoró e de todos os movimentos que aqui
aconteceram. Foi um benfeitor no momento da criação da Diocese de Mossoró.
Retribuiu com bens a aceitação que teve de Mossoró. Miguel Faustino do Monte
tornou-se lenda na cidade que ofereceu ao grande empreendedor as condições para
o seu sucesso e com ele viu seu nome ser falado no velho mundo. Miguel Faustino
do Monte era cearense de Sobral, mas, desde jovem, radicado em Mossoró; e aqui
fez história. Cedo, conseguiu galgar posição de destaque como chefe de poderosas
organizações comerciais. Quando se esboçou o movimento abolicionista de 1883,
foi uma das figuras de maior projeção tendo sido, inclusive, um dos Diretores
da Sociedade Libertadora Mossoroense. Nasceu numa quarta-feira, em 11 de agosto
de 1858, na cidade de Sobral/CE. Era um homem dotado de predicados
cristãos. Foi ele quem construiu com seus próprios recursos a capela do Sagrado
Coração de Jesus, que permanece até hoje com suas linhas originais. Arcou com a
responsabilidade da maior parte do patrimônio levantado para a Diocese de
Mossoró, doando seu palacete residencial para sede do Seminário Santa
Terezinha, uma casa de sua propriedade na Praça Vigário Antônio Joaquim, onde
funciona a Rádio Rural além de apreciável quantia em espécie à Diocese de Mossoró.
O rápido enriquecimento de Miguel Faustino e a sua generosidade para com a
Igreja fizeram surgir lendas onde se dizia que o mesmo havia enriquecido por
ter feito um pacto com o diabo. E estava passando parte dos seus bens para a
igreja como forma de redimir com Deus. Essa lenda ainda é contada pelas pessoas
mais antigas. Já na velhice transferiu sua residência para o Rio de Janeiro,
onde morreu em 10 de novembro de 1952, aos 94 anos de idade. Fez muito por
Mossoró e por sua Diocese. Seu nome está gravado na galeria dos grandes homens
de Mossoró.
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