Por Antonio Rodrigues, antonio.rodrigues@diariodonordeste.com.br
A obra do pesquisador João Tavares Calixto Júnior narra a vida do jovem coronel Isaías Arrudas, figura marcante do início do século XX.
Foto: João Calixto
O professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), João Tavares Calixto Júnior, lançará, neste final de semana, o livro “Vida e morte de Isaías Arruda: sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião”, que traz a biografia do coronel Isaías Arruda, uma das figuras mais marcantes do Cariri no início do século XX. A obra também trata das relações sociais no período do cangaço, sobretudo, o coronelismo e banditismo na década de 1920.
Foram seis anos de pequisa que se materializou em 421 páginas, divididas em duas partes. A primeira, em oito capítulos, conta a vida “curta e tumultuada” de Isaías Arruda, um dos principais “coiteiros” de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, no Ceará. A segunda, em três capítulos, narra sua morte “violenta e prenunciada”, como classifica o autor.
O primeiro lançamento acontece na Câmara Municipal de Missão Velha, cidade onde o coronel foi prefeito, nesta sexta-feira (29), a partir das 19 horas. Já no dia seguinte, no sábado (30), será a vez de Aurora, município natal do personagem, receber o evento no Salão Paroquial, às 17 horas. Cada exemplar custa R$ 50.
Isaías Arruda nasceu em 6 de julho de 1899, na Vila d’Aurora, atual município de Aurora. Sua trajetória ganhou destaque, mesmo jovem, ao hospedar Lampião e seus capangas em sua fazenda. Era também responsável por fornecer munição e armas para o cangaceiro.
“Ele ascendeu, do ponto de vista político, rapidamente. Era um cara pobre, de origem humilde, e que, à sombra do governador Moreira da Rocha, chegou a ser prefeito de Missão Velha, tirando seu antecessor na bala. Foi uma trajetória muito tumultuada. Arrumou muita confusão”, conta João Calixto.
No Centro de Missão Velha ainda está de pé o casarão construído pelo coronel Isaías Arruda. Lá, há uma espécie de porão onde os historiadores acreditam que os cangaceiros e seu armamento ficavam escondidos.
Um capítulo do livro é dedicado a um dos momentos mais marcantes da história do cangaço, o ataque de Lampião à cidade de Mossoró, no Rio Grande Norte, em 1927. “Ele foi planejado por políticos do próprio Rio Grande do Norte, mas eu trago uma versão que este ataque teve cunho político e não por dinheiro. Foi uma coincidência Lampião ter ido para Aurora e, de lá, Massilon Leite, junto com Zé Cardoso e Isaías, conseguiram convencê-lo”, explica o autor.
A obra também traz detalhes sobre a morte de Isaías Arruda, que aconteceu no dia 8 de agosto de 1928, aos 28 anos, quatro dias após sofrer uma emboscada a tiros na estação de trem de Aurora, sua cidade natal, pelo seus rivais, os “Paulinos”.
“Eu utilizei quatro metologias. É um livro feito em documentação, pesquisas em jornais, com mais de 600 páginas estudadas, revisão bibliográfica, consulta de inquéritos originais e entrevistas com pessoas que se tornou um ‘tempero'”, detalha o pesquisador. A obra ainda conta com fotos inéditas e ilustrações do artista goiano Ronald Guimarães.
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