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segunda-feira, 29 de maio de 2023

ESTUDAR CANGAÇO É FANTÁSTICO!

Por José Mendes Pereira Mendes

Tudo sobre história é além de fantástico e principalmente, quando se tem tempo suficiente para acompanhar esses cangaceiros pelas caatingas do Nordeste, observando os seus coitos, as suas invasões, os constantes tiroteios; jogar cartas ao anoitecer nas bancadas improvisadas, vez por outra bebericar uma bela pinga; rezar juntamente com eles, o ofício de Nossa Senhora, assistir de perto as covardias de alguns cangaceiros e cangaceiras. Fofocar sobre as traições das mulheres. Fugir do acampamento quando Zé Baiano se preparou para assassinar a sua linda Lídia.

Presenciar uma bronca de Lampião com um dos seus comandados. Acompanhar o mensageiro até a fazenda de um latifundiário, com um bilhete solicitando valores. Participar dos bailes perfumados que os cangaceiros e cangaceiras faziam nas caatingas. Fugir com eles quando a polícia não dava trégua.

Testemunhar a grande discussão que aconteceu nas caatingas de Lampião com o seu comandado, causada pela desobediência do subordinado Antonio dos Santos, o Volta Seca.

Ficar ouvindo os conselhos de Virgínio Fortunado da Silva, ex-cunhado de Lampião, dirigido ao cangaceiro Volta Seca, que bem melhor seria ficar calado e obedecer ao seu grande chefe.

Fechar os olhos para não ver Lampião decepando cabeças de policiais pegos pelos cangaceiros. Participar de acampamentos lá no Raso da Catarina. De metido, participar dos treinos de guerra do bando. Sair correndo para não ser pego pelas volantes como se fosse marginal. Tudo isso para se estudar, é fascinante.

Ver de perto e escondido entre as pedras que repousam lá pelo Raso da Catarina, a linda Maria Bonita se banhando, mas com um olho para frente e o outro em direção ao coito, temendo a suçuarana humana o capitão Lampião perceber.

Todos nós, loucos, como nos chamou o saudoso escritor Alcino Alves Costa, apesar de várias décadas passadas, para nós, estudantes, escritores e pesquisadores, é como se tudo isso estivesse acontecendo nos dias atuais.

A literatura lampiônica mudou a minha maneira de viver, pois se me tirarem das pesquisas sobre o cangaço, é como se estivessem me enterrando vivo.

Observação

Senhor leitor: Não confundir estudar com maldades. Nós que gostamos do tema cangaço, jamais queremos que isso volte a acontecer.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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