Por José Mendes Pereira Mendes
Tudo sobre
história é além de fantástico e principalmente, quando se tem tempo suficiente
para acompanhar esses cangaceiros pelas caatingas do Nordeste, observando os
seus coitos, as suas invasões, os constantes tiroteios; jogar cartas ao
anoitecer nas bancadas improvisadas, vez por outra bebericar uma bela pinga;
rezar juntamente com eles, o ofício de Nossa Senhora, assistir de perto as
covardias de alguns cangaceiros e cangaceiras. Fofocar sobre as traições das
mulheres. Fugir do acampamento quando Zé Baiano se preparou para assassinar a
sua linda Lídia.
Presenciar uma
bronca de Lampião com um dos seus comandados. Acompanhar o mensageiro até a
fazenda de um latifundiário, com um bilhete solicitando valores. Participar dos
bailes perfumados que os cangaceiros e cangaceiras faziam nas caatingas. Fugir
com eles quando a polícia não dava trégua.
Testemunhar a
grande discussão que aconteceu nas caatingas de Lampião com o seu comandado,
causada pela desobediência do subordinado Antonio dos Santos, o Volta Seca.
Ficar ouvindo
os conselhos de Virgínio Fortunado da Silva, ex-cunhado de Lampião, dirigido ao
cangaceiro Volta Seca, que bem melhor seria ficar calado e obedecer ao seu
grande chefe.
Fechar os
olhos para não ver Lampião decepando cabeças de policiais pegos pelos
cangaceiros. Participar de acampamentos lá no Raso da Catarina. De metido,
participar dos treinos de guerra do bando. Sair correndo para não ser pego
pelas volantes como se fosse marginal. Tudo isso para se estudar, é fascinante.
Ver de perto e
escondido entre as pedras que repousam lá pelo Raso da Catarina, a linda Maria
Bonita se banhando, mas com um olho para frente e o outro em direção ao coito,
temendo a suçuarana humana o capitão Lampião perceber.
Todos nós,
loucos, como nos chamou o saudoso escritor Alcino Alves Costa, apesar de várias
décadas passadas, para nós, estudantes, escritores e pesquisadores, é como se
tudo isso estivesse acontecendo nos dias atuais.
A literatura
lampiônica mudou a minha maneira de viver, pois se me tirarem das pesquisas
sobre o cangaço, é como se estivessem me enterrando vivo.
Observação
Senhor leitor: Não confundir estudar com maldades. Nós que gostamos do tema cangaço, jamais queremos que isso volte a acontecer.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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