Por Rangel Alves
da Costa*
A vida do
torcedor brasileiro vem se tornando num verdadeiro drama, eis que sofre
impiedosamente, e a cada jogo, com sua seleção e agora pela fratura que acabou
afastando Neymar do restante da copa. Será também o fim da disputa para o
Brasil?
Sim, considerando-se
que o time joga para e em função de Neymar e não há outro jogador que ao menos
possua um tiquinho de suas qualidades quando está em estado de graça
futebolística. E não, eis que ontem o endeusado craque não jogou absolutamente
nada e ainda assim a seleção conseguiu, mais uma vez aos trancos e barrancos,
vencer e seguir em frente. Só que dessa vez é a Alemanha que estará pela
frente.
Mas vamos aos
fatos. Nos últimos dois jogos da seleção brasileira, principalmente neste
último contra a Colômbia, a comemoração maior não foi nem com o placar nem com
a atuação, mas com o apito final da partida.
Como ocorreu
contra os colombianos, tudo vem dando certo até que a partida se aproxima do
seu final, a seleção fica nervosa, se descontrola, erra passes demais, faz
faltas desnecessárias, e tudo se torna num deus nos acuda.
Diferentemente
do que sucedeu contra o Chile, onde o Brasil jogou razoavelmente bem apenas nos
instantes iniciais e depois se arrastou em campo, contra a Colômbia parece ter
havido mais fôlego, encorajamento, disposição para mostrar resultado. E assim
foi até cerca dos trinta minutos do segundo tempo. Eis que depois disso...
Após metade do
segundo tempo, talvez achando que a vitória já estava selada com o golaço de
David Luiz, a seleção brasileira começou a se achar no direito de atormentar a
vida dos torcedores. E se pôs a fazer besteira após besteira, errando a saída
de bola, deixando que a Colômbia trocasse passes perto de sua área. E o pior:
insistindo em parar o jogo com faltas bobas e desnecessárias.
E foi num erro
de Maicon que começou a ser construída a jogada que redundaria no pênalti
cometido pelo goleiro Júlio César no recém entrado Bacca. O craque James
Rodriguez cobrou sem qualquer chance de defesa e a partir daí o que parecia
sólido começou a querer desmoronar. E por pouco os colombianos não jogam um
balde de água fria na fogueira dos brasileiros.
Neste
percurso, após tanto vibrar, gritar, comemorar, admirar o bom futebol
apresentado, o torcedor brasileiro começou a sofrer feito um desgraçado. E a
cada novo ataque dos colombianos logo vinha a lembrança daquele chute do
chileno Pinilla que quase entra no minuto final no jogo anterior.
Mesmo à frente
do placar, um empate do selecionado chileno significaria um desgaste de difícil
recuperação. E assim porque o Brasil sempre tende a se perder em campo após
receber qualquer gol. E naquelas condições, realmente não se sabe se a
canarinha ainda teria forças para suportar a pressão tanto física como
emocional.
Desse modo, o
apito final, antes mesmo que a falta a favor do Brasil fosse cobrada,
representou um alívio indescritível. Os cinco minutos de acréscimo já
representaram turbulências internas, tensões perigosas demais para os
torcedores, e até mesmo um gol brasileiro estava sendo menos desejado que o
árbitro espanhol apontasse logo o centro do campo, finalizando a partida.
E já que a
vitória foi confirmada, a seleção seguiu rumo à semifinal e enfrentará a
Alemanha na terça-feira no Mineirão, então chegou a hora de colocar os pingos
nos “is” com uma análise sucinta do selecionado em si.
Que se diga,
em primeiro lugar, que Neymar não jogou absolutamente nada, não foi nem a sombra
de sua participação nas primeiras partidas. E quando joga mal traz consequência
terríveis para o time inteiro: quer mostrar futebol e acaba jogando
egoisticamente, prendendo demais a bola, enfeitando demais as jogadas e caindo
sempre que um adversário o confronta com maior firmeza. Mas agora não é mais o
caso, pois está fora do mundial.
Até deixar o
campo após a bordoada intencional que levou do violento Zuñiga, Neymar errou
quase todos os passes, não construiu qualquer jogada e deu apenas um chute perigoso
a gol. Muito pouco para o Jr., não? E infelizmente o menino de ouro do Galvão
Bueno está fora da copa. A entrada maldosa que sofreu do colombiano acabou lhe
causando uma fratura na vértebra.
Doutra banda,
o sempre combativo e lutador Thiago Silva fez um gol e uma besteira sem
tamanho. Um jogador do exterior, capitão da equipe, ainda novo porém já muito
experiente, deveria saber que nem num jogo de várzea se admite aquilo que ele
fez e muito menos numa partida decisiva de Copa do Mundo. E no seu país, diante
de uma torcida que tanto lhe confia e admira.
Mas o melhor
vem agora, e tem o nome de David Luiz. Mas não pelo chutaço que deu e nem pelo
golaço que fez, mas pela garra, força, raça, determinação e seriedade que
possui em campo e perante cada jogada. Verdadeiramente exemplifica o que há de
melhor num jogador que mereça vestir a camisa canarinha.
Por último,
voltando ao Neymar, sua despedida da seleção realmente representa uma perda
indescritível para os planos da seleção, vez que sempre tido como o melhor
jogador e responsável por armar as jogadas da equipe. Mas ainda resta uma
esperança. Se ele não jogou nadica de nada contra a Colômbia e ainda assim o
Brasil venceu, então é procurar fazer o mesmo contra a Alemanha e no jogo
final.
Mas que seja
com menos dor, menos angústia e aflição, com menos sofrimento.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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