Por Paulo George
Na manhã de 20 de novembro de 1924, aproveitando a folga em sua querida Nazaré, Pedro Tomás de Souza Ferraz, integrante da volante do sargento Higino Belarmino, foi ver como estava sua fazenda Lagoa do Mato. Fazia um calor
insuportável. Ao passar pelo açude da fazenda Lagoa Cercada, de Terto Alves
Feitosa (Terto Baião), Pedro Tomás resolveu tomar um banho, deixou o rifle e a
roupa na beira dágua, e deu um mergulho. Ao sair do mergulho que botou a cabela
fora, viu um grupo de homens armados, Lampião estava bem à frente do grupo, Pedro pegou as roupas, o rifle e correu nu para o meio do mato, indo sair em Pau-do-Leite, onde estava seu irmão Manoel Tomás e seu primo e cunhado
Inocêncio Nogueira.
Vários mensageiros correram para avisar aos homens em Nazaré que Lampião estava na área, logo os nazarenos estavam prontos para luta, seguindo a pista do bando, avistaram logo o fumaceiro: os cangaceiros tinham incendiado a casa de Pedro Tomás na fazenda Lagoa do Mato. Por volta do meio dia, Lampião estava descansando na Fazenda Baixas de Antônio Alves Feitosa (Antonio Baião). O vaqueiro Rufininho matou umas galinhas e tinha preparado o almoço. Arrastando-se pelo chão, os cabras de Nazaré foram tomando chegada.
Terminando o almoço na
casa grande da fazenda, Lampião foi até à porta da frente, e lá ficou descuidado
fazendo um cigarro de fumo micado.
Davi Jurubeba escondido numa cerca uns 20
metros, apontou o fuzil na testa de Lampião, mas na ganância de matar de vez o
inimigo, esqueceu de destravar a arma, e ao destravá-la, não pode evitar o estalido
da mola de aço.
Lampião esperto como ninguém, ouviu o estalo e saltou pra
dentro da casa gritando para os cabras. Além da casa grande havia as casas dos
moradores, e o curral de bodes. Antônio Ferreira especialista em retaguardas,
saiu pelos fundos da casa com uns cabras e protegidos pela cerca do chiqueiro
de bode:
- Vou ficar atrás dos nazarenos, sem eles perceberem.
Levino e outros
cabras rodearam pelo outro lado, mal começou o tiroteio, veio a informação de Inocêncio Nogueira morto.
Os nazarenos eram todos parentes, irmãos, primos,
cunhados. Até Antonio Gomes Jurubeba, o velho Gomes, patriarca dos Jurubebas e Flor, estava ali, dando apoio aos homens de Nazaré.
A morte de Inocêncio causou
muita tristeza, raiva e desespero. O velho Gomes como se tivesse perdido o juízo, e
ergueu o corpo saindo da casa para o terreiro, enquanto os parentes gritavam para
ele se abaixar ou se deitar, sendo puxado à força pelos companheiros para dentro
de casa.
Os nazarenos estavam envolvidos em dois fogos. Olímpio Jurubeba
recebeu um tiro na espinha e gritou:
- Os bandidos me mataro, vou
morrer....!!!
Euclides Flor e Abel Tomás arrastaram Olímpio para o pé da cerca, e chamaram o
velho Gomes.
Davi Jurubeba vendo o irmão morto, faz um grande desafio, salta no meio do
terreiro e grita:
- Lampião, ladrão de bode, saia debaixo da cama, venha resolver a questão comigo, corpo a corpo, no punhal.
Lampião gritou de dentro da casa:
- Eu num brigo com quem tá querendo morrer, Davi! Quem briga se agarrando
com outro é um doido, e para que foi feito bala?
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